quarta-feira, dezembro 20, 2006

Mulheres e a Esquerda na América latina

Análise política publicada no jornal argentino Pagina 12 mostra como são conflituosas as relações entre os movimentos de mulheres e os governos de esquerda na região. Partindo do caso da Nicarágua, país no qual a volta da criminalização do aborto terapêutico foi um retrocesso importante, a autora de “Relações perigosas”, Veronica Gago, mostra como um acordo entre a direita e a Frente Sandinista de Libertação Nacional e a Aliança Liberal Nicaragüense permitiu a reforma do Código Penal, conforme pressão da Igreja Católica.
Veronica parte do episódio para indicar que é preciso perguntar a quantas anda a relação entre esquerda e feminismo.
Brasil: A secretária-executiva da ONG DaVida, Gabriela Leite, afirma que a esquerda ainda mantém uma visão moralista sobre a prostituição, sem considerar o caráter político da história da sexualidade. Questiona a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres por ter mantido o discurso de vitimização das mulheres.
Chile: apesar da paridade nos cargos de governo instituída por Michelle Bachelet, a presidenta não se manifestou a favor do projeto de lei que tenta instituir o aborto terapêutico. “Diz-se que a Democracia Cristã ameaça romper a coalizão de governo se houver algum avanço nessa área”, afirma o jornal. A última batalha perdida foi a distribuição de contraceptivos de emergência a menores, medida do Ministério da Saúde que gerou ações judiciais e fez com que o medicamento desaparecesse do mercado.
Bolívia: há quatro mulheres ministras no gabinete de Evo Morales, uma delas é ex-empregada doméstica. O artigo traz declarações da fundadora do coletivo feminista Mujeres Creando, María Galindo. Ela afirma que, embora o conceito de soberania seja defendido na área dos recursos naturais, proposta de defesa da soberania do corpo e inclusão da disciplina de educação sexual nas grades curriculares não foi sequer discutida.
Uruguai: o presidente Tabaré Vázquez já declarou que, se o projeto de lei sobre saúde sexual e reprodutiva que prevê a descriminalização do aborto for aprovado, será vetado. “As pressões dos setores mais reacionários pesam muito”, afirma María Delia, do grupo feminista uruguaio Las Decedidoras.

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