quinta-feira, dezembro 28, 2006

As mulheres mudaram, a imprensa não liga!

As mulheres chegam ao fim do ano sem ter o que comemorar com relação ao tratamento que receberam da mídia. Nem mesmo a divulgação dos novos Indicadores Sociais brasileiros pelo IBGE serviu para que a imprensa desse o merecido destaque às mulheres e à mudança de sua situação na sociedade brasileira.
E talvez a culpa nem seja do preconceito. Talvez a culpa seja dessa nova forma de fazer jornalismo, que não dá espaço aos repórteres para pegar um assunto – que não envolva celebridades – e irem além do texto oferecido pelas assessorias da imprensa.
Se uma celebridade tiver um problema (como no caso Daslu) ou um sonho (como o desejo da primeira-dama de adotar uma criança), a imprensa vai destacar repórteres e reservar espaço para tratar do assunto à exaustão.
Mas quando se trata de problemas reais, como os que são retratados no relatório do IBGE, envolvendo gente sem dinheiro, sem charme e sem educação – o grosso da população brasileira –, a imprensa se limita a mostrar o texto oficial. Texto que daria pauta para muita matéria boa
No relatório, divulgado dia 21/12 ficamos sabendo que:
** À medida que trabalha mais, a mulher brasileira, em especial as mais escolarizadas, gera famílias menores. A comparação dos dados de 1995 e 2005 mostra que a proporção de mulheres em idade reprodutiva com filhos caiu de 63,4% para 63%. Já a participação feminina na distribuição da população economicamente ativa subiu 3,2 pontos percentuais.
** O índice de famílias chefiadas por mulheres subiu de 20,2% para 28,5% no transcorrer da última década – e já é o dobro nas regiões metropolitanas de Salvador (42%), Recife (41,3%) e Belém (40,9%).
** Os casamentos no Brasil estão mais duradouros. De 1995 a 2005, a duração média passou de 11,1 para 12,1 anos, de acordo com as estatísticas do Registro Civil. Os mais fugazes foram verificados no Amazonas (9,7 anos), enquanto os mais longevos estão entre os gaúchos (13,9) e os catarinenses (13,5).
Para o leitor comum, que não é antropólogo nem sociólogo, o relatório – do qual selecionamos apenas uma parte mínima – acaba sendo mais um amontoado de percentuais explicados com termos difíceis. Para esse leitor, que pode eventualmente se encaixar num desses itens, fica tudo muito impessoal, já que não se chamou um especialista – a não ser os técnicos do IBGE – para tentar explicar o que essas mudanças querem dizer.
Rosto e palavra
Nesse ponto a Folha de S.Paulo se saiu melhor do que o Estado de S.Paulo. Nas duas páginas que o Estado dedicou ao assunto, vimos apenas números e mais números. A Folha, em pequena matéria, tentou ir além, falando das causas da mudança:
A emancipação feminina ajuda a explicar por que, de 1995 a 2005, foi de 20,2% para 28,5% o percentual de mulheres entre o total de chefes de família. Esse aumento aconteceu mesmo em famílias onde havia cônjuge. Em 1995, do total de mulheres chefes de família, 3,5% viviam com seus maridos. No ano passado, esse percentual aumentou para 18,6%.
A maior sensibilidade da Folha revela-se também no destaque dado ao item trabalho doméstico, que nem foi mencionado pelo Estadão. Diz a Folha:
Esse movimento a favor das mulheres, no entanto, não as livrou de ficarem sobrecarregadas com os afazeres domésticos. No ano passado, 92% das mulheres, além de trabalhar, realizavam afazeres domésticos em casa. Entre os homens, esse percentual era de 51,6%. Essa sobrecarga da dupla jornada de trabalho é verificada também quando se analisam as horas dedicadas às tarefas domésticas. Para mulheres, foram em média 21,8 horas por semana. Para homens, 9,1 horas.
Tais indicadores variam bastante de acordo com o estado. Os homens gaúchos, por exemplo, são os que mais ajudam as mulheres nos afazeres domésticos, com 71,7% declarando fazer esses serviços. O tempo que eles gastavam com esses afazeres, no entanto, não era muito: 8,6 horas, enquanto as gaúchas trabalhavam em casa, em média, 20,9 horas semanais. No outro extremo está Alagoas, onde apenas 28,4% dos homens ajudam as mulheres com os afazeres domésticos. O tempo dedicado pelos homens alagoanos a esses afazeres, no entanto, era maior do que o dos gaúchos: 10,3 horas semanais.
Agora que nós, leitoras, ficamos sabendo oficialmente que as mulheres estão trabalhando mais, estão assumindo, em maior número, a responsabilidade pela família e que, apesar de tudo, continuam nas funções domésticas sem grande apoio dos companheiros, resta esperar que a imprensa dê rosto e palavra a essas mulheres. Resta esperar que a mulher simples, que não vira notícia porque colocou botox, usa grife, foi morta ou matou o namorado, mereça um espaço maior na imprensa.

domingo, dezembro 24, 2006

Cartoon feminista!


Cartoon retirado do blog do colectivofeminista( grupo de mulheres e homens de Portugal, que procuram combater o sexismo e homofobia e trazer o feminismo para a rua).

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Yeda não cumpre promessa!!

A governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, não cumpriu a promessa de formar um secretariado com 30% de mulheres e só colocou em seu primeiro escalão quatro secretárias entre os 19 titulares - ou seja, pouco mais de 20%. Além das secretárias, sua chefe de gabinete e a líder do governo na Assembléia são mulheres. As secretárias são: Mariza Abreu (sem partido), na Educação; Maria Leonor Carpes (PTB), na Administração e Recursos Humanos; Vera Callegaro (PSDB), no Meio Ambiente; e Mônica Leal (PP), na Cultura.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Mulheres e a Esquerda na América latina

Análise política publicada no jornal argentino Pagina 12 mostra como são conflituosas as relações entre os movimentos de mulheres e os governos de esquerda na região. Partindo do caso da Nicarágua, país no qual a volta da criminalização do aborto terapêutico foi um retrocesso importante, a autora de “Relações perigosas”, Veronica Gago, mostra como um acordo entre a direita e a Frente Sandinista de Libertação Nacional e a Aliança Liberal Nicaragüense permitiu a reforma do Código Penal, conforme pressão da Igreja Católica.
Veronica parte do episódio para indicar que é preciso perguntar a quantas anda a relação entre esquerda e feminismo.
Brasil: A secretária-executiva da ONG DaVida, Gabriela Leite, afirma que a esquerda ainda mantém uma visão moralista sobre a prostituição, sem considerar o caráter político da história da sexualidade. Questiona a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres por ter mantido o discurso de vitimização das mulheres.
Chile: apesar da paridade nos cargos de governo instituída por Michelle Bachelet, a presidenta não se manifestou a favor do projeto de lei que tenta instituir o aborto terapêutico. “Diz-se que a Democracia Cristã ameaça romper a coalizão de governo se houver algum avanço nessa área”, afirma o jornal. A última batalha perdida foi a distribuição de contraceptivos de emergência a menores, medida do Ministério da Saúde que gerou ações judiciais e fez com que o medicamento desaparecesse do mercado.
Bolívia: há quatro mulheres ministras no gabinete de Evo Morales, uma delas é ex-empregada doméstica. O artigo traz declarações da fundadora do coletivo feminista Mujeres Creando, María Galindo. Ela afirma que, embora o conceito de soberania seja defendido na área dos recursos naturais, proposta de defesa da soberania do corpo e inclusão da disciplina de educação sexual nas grades curriculares não foi sequer discutida.
Uruguai: o presidente Tabaré Vázquez já declarou que, se o projeto de lei sobre saúde sexual e reprodutiva que prevê a descriminalização do aborto for aprovado, será vetado. “As pressões dos setores mais reacionários pesam muito”, afirma María Delia, do grupo feminista uruguaio Las Decedidoras.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Mamãe noel decotada!

"Mamãe Noel" decotada é estrela de anúncio de MP3Segunda, 18 de Dezembro de 2006, 16h13 Fonte: INVERTIA
Uma propaganda de MP3 player que está sendo veiculada na Suécia mostra uma modelo vestida de "Mamãe Noel", usando apenas uma blusa e um short curto, cantando "We Wish You a Merry Christmas" com sotaque sueco. A campanha publicitária é da Kenwood, empresa especializada em equipamentos eletrônicos com unidades no mundo todo. Na propaganda, a modelo aparece ouvindo um MP3 player e acompanhando a música de forma sensual para uma câmera de computador. Quando termina, ela desliga o aparelho e aparentemente vai para a cama.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Homem paga fiança por bater na filha

Dois homens foram presos na madrugada de sábado (16), em Londrina,por lesões corporais contra mulheres. Eles foram enquadrados na LeiMaria da Penha, em vigor desde setembro, que tornou mais rigorosasas penalidades para violência doméstica. A polícia não quis fornecer nomes. Um dos agressores era um agropecuarista de 43 anos, morador na RuaParanaguá, Centro de Londrina. Segundo o delegado de plantão da10ª Subdivisão Policial (SDP), Valdir Fernandes, ele espancou a filha,de 20 anos, que foi encaminhada para um hospital com escoriaçõesno rosto e nos braços. O agressão aconteceu na própria residênciada família, por volta das 3 horas, e foi denunciada pela esposa do agressor.
Ele pagou fiança de R$ 600,00 e irá responder pelo crime em liberdade.Já o outro homem autuado, um autônomo de 28 anos, não conseguiu pagar a fiança arbitrada em R$ 100,00 e permanece preso. De acordo com Fernandes, ele teria agredido com tapas a sua esposa, de mesma idade, no Jardim Europa (Zona Sul). A própria vítima acionou a polícia.''Com essa nova lei, temos prendido de dois a três homens acusadosde violência doméstica por plantão'', observou o delegado.
Comentando:
A Lei Maria da Penha, é recente, merece algumas revisões para torná-la mais eficiente e dentro dos rigores que ela representa.Num espancamento a uma garota de 20 anos, com tal brutalidadeque a leva ao hospital, vale R$ 600,00 - para esse "elemento classe A",não significou nada - Já que pagou a fiança e voltou para a casada agredida!.Para o "elemento classe C" a pena foi justa já que continua presoporque não tinha R$ 100,00???? - Ah! Que coisa absurda isso!!!Vemos aqui além da clara disparidade social , a inesperiência quanto a aplicação da Lei.A polícia peca em relação ao agropecuarista de posses,já queomite seu nome na imprensa e cobra uma fiança "ridícula" de 600,00Dois pesos duas medidas?parece comércio...Quanto vale mais...quem paga mais...Espero sinceramente que as nossas autoridades façam valera LEI MARIA DA PENHA , que seja rigida e dura como deve serpara todos que a infringirem sem distinção social!

sábado, dezembro 16, 2006

Sereia ou baleia?

A academia Runner colocou um outdoor em São Paulo quedizia o seguinte: "Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?"Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail por aí...Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moçascultural de biquíni e a frase: " Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?
"Respondo:Baleias sempre estão cercadas de amigos.
Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos.
Baleias amamentam.
Baleias andam por aí cortando os mares e conhecendo lugares legais como as Banquisas de Gelo da Antártida e os R ecifes de Coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos.
Baleias comem camarão à beça.
Baleias esguicham água e brincam muito.
Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.
Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais.
Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.
Sereias não existem.Se existissem viveriam em crise existencial: sou um peixe ou um ser humano?Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, mas tristes e sempresolitárias...Runner querida, "prefiro ser baleia!"(A Runner retirou o outdoor na mesma semana!)

Ainda em segundo plano


Em nenhum lugar do mundo a igualdade entre homens e mulheres foi alcançada e, no Brasil, a situação é ainda pior, apesar de alguns avanços. Essa é a conclusão do relatório 2006 do Observatório da Cidadania/Social Watch, produzido anualmente por organizações de diversos países. No Brasil, a instituição representante é o Ibase. O documento leva em consideração fatores como educação, renda, empregabilidade e participação política para criar um ranking mundial de equidade entre gêneros. O Brasil ocupa a 50ª posição, 21 pontos atrás da líder Suécia, mas à frente de países desenvolvidos como Itália e Japão.
“Estamos desperdiçando metade dos recursos humanos disponíveis ao não oferecer oportunidades iguais a homens e mulheres”, lamenta Fernanda Carvalho, coordenadora do grupo de pesquisa do Observatório da Cidadania no Brasil e pesquisadora do Ibase. “Não há explicação lógica para isso”.
Enquanto na Suécia o Índice de Eqüidade de Gêneros chega a 89 pontos, numa escala que vai até cem, no Brasil ele alcança 68. Na América Latina, estamos atrás de Colômbia, Panamá, Argentina e Uruguai.
O Brasil apresenta os piores índices nos quesitos ligados ao empoderamento das mulheres. Apenas 11,4% dos cargos de decisão política e ministérios são ocupados por elas. Na Suécia, mais da metade; na Colômbia, 35,7%. No parlamento, a situação nacional é ainda pior. Apenas 8,6% das cadeiras ficam com elas. No país líder, 45%, quase metade. “Para piorar, esse foi o único índice que piorou em relação ao último ano”, diz Carvalho. Em 2005, 13% dos cargos de decisão eram de mulheres. “É preciso investir mais nas candidaturas femininas”, completa a pesquisa. Até 2005, nenhum partido ou coligação havia cumprido a cota estabelecida por lei que manda disponibilizar ao menos 30% das candidaturas a mulheres.
De acordo com Cristina Buarque, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco e redatora do capítulo sobre gênero e desigualdades no Brasil, o empoderamento das mulheres é o item de maior peso no índice. “Esses [itens: participação parlamentar e em cargos de decisão], na atualidade, são, sem dúvida, os pontos cruciais para a elevação ou rebaixamento do índice de equidade de gênero em grande parte dos países”, escreve no relatório.
Outro item que contribuiu para a posição intermediária no ranking foi a atividade econômica, apesar das melhoras verificadas. Entre 1993 e 2005, o pagamento feito a elas em comparação com aqueles feitos aos homens não evoluiu nada. As mulheres continuam a ganhar 43% do que recebem os homens. Por outro lado, a participação feminina no mercado de trabalho cresceu. Hoje elas representam 46,9% da mão de obra nacional. A diferença entre gente no mercado e salários se deve, de acordo com Fernanda, ao fato de as mulheres ocuparem profissões menos valorizadas. “É um fenômeno internacional. Onde as mulheres são maioria e o salário é menor. E, em geral, são as profissões que deveriam ser mais valorizadas, pois geralmente lidam diretamente com pessoas”.
A origem desse problema, segundo Buarque, está na educação sexista. O país possui bom desempenho no que se refere ao ensino superior, utilizado como parâmetro para a construção do índice mundial. As mulheres são maioria nas salas de aula universitárias, com 32% mais matrículas do que os homens. Porém, escreve a pesquisadora, em geral elas estão mais presentes em cursos ligados aos papéis tradicionais. “Tais desigualdades se revelam na presença minoritária das mulheres nas carreiras técnicas e tecnológicas e dos homens na maioria das outras carreiras, mantendo um desequilíbrio na relação mulheres/homens perante o mercado de trabalho”, analisa. A esperança da pesquisadora é que a maior presença feminina na universidade ajude a aumentar a equidade entre gêneros a médio prazo.
A pesquisa foi feita em 149 países e tem como tema "Arquitetura da exclusão", na tradução do relatório para o Brasil. Seu objetivo é analisar por que a atual estrututa financeira não beneficia os países pobres e propor soluções. Além da questão de gênero, receberam destaque as políticas raciais e de financiamento no Brasil. Há ainda artigos sobre assuntos relevantes em Argentina, EUA, Índia, México, Moçambique, Peru e Quênia. O relatório completo, em inglês ou espanhol, pode ser obtido em http://www.socialwatch.org/, onde também podem ser consultados os informes indivuduais de cada país.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Direitos Humanos: um direito das mulheres

Os compromissos assumidos pelos Estados nas principais Conferências Internacionais da ONU - especialmente a Conferência Mundial dos Direitos Humanos de Viena (1993); a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento do Cairo (1994) e a Conferência Mundial sobre a Mulher de Beijing (1995), são de fundamental importância para os direitos humanos das mulheres.
Foi na Conferência de Viena que, pela primeira vez, se reconheceu expressamente que “os direitos humanos das mulheres e meninas são parte integrante, indivisível e inalienável dos direitos humanos universais e que a violência de gênero é incompatível com a dignidade e o valor da pessoa humana”.
Diversos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos são relacionados aos temas de discriminação e violência contra as mulheres. No âmbito global, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW ONU, 1979), ratificada pelo Brasil em 1984; o Protocolo Facultativo á CEDAW, ratificado pelo Brasil em 2002 e a Recomendação do Comitê CEDAW (1992), que trata exclusivamente da violência contra a mulher. No âmbito regional, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher (Convenção do Belém do Pará, OEA, 1994), ratificada pelo Brasil em 1995.

Declaração dos Direitos Humanos


segunda-feira, dezembro 11, 2006

Ontem, dia internacional dos direitos humanos

Dia Internacional dos Direitos Humanos

O dia 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebra a data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, voltado à proteção dos direitos fundamentais.
A Declaração nasceu em resposta à barbárie praticada pelo nazismo contra judeus, comunistas e ciganos e ainda às bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de inocentes. Os direitos humanos têm sua origem na crença de que parte das violações então praticadas poderiam ser evitadas se existisse um efetivo sistema de proteção internacional.
Aprovada por 48 Estados, com 8 abstenções, e adotada na maioria dos países do Ocidente, a Declaração dos Direitos Humanos contemplou, pela primeira vez, em um só documento, a coexistência de direitos civis, políticos e de direitos econômicos, sociais e culturais assegurados em igualdade para todas as pessoas.
Com a criação da ONU e a aprovação da Declaração foram criadas normas e instituições para garantir que o Estado respeite os direitos humanos, sob pena de ser responsabilizado internacionalmente se não o cumprir.
Em 1969 foi criada a Corte Interamericana de Direitos Humanos, instituída para ser a última instância de amparo nas Américas daqueles que tiveram seus direitos humanos violados. Na época, o Brasil vivia o auge da ditadura militar, um dos períodos mais difíceis para o exercício da democracia e para a proteção dos direitos fundamentais.
Somente em 10 de dezembro de 1998, o Brasil reconheceu a competência jurisdicional da Corte, que hoje está ao alcance de todos os brasileiros e brasileiras.

Encerramento da campanha reforça Direitos Humanos


A Campanha 16 dias de Ativismo pelo fim da Violência contra as Mulheres terminou no dia 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi incluída no calendário para evidenciar que a violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos.
Além do Dia Internacional dos Direitos Humanos, outras datas significativas marcaram o período de realização da Campanha. O dia 25 de novembro - Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, que marcou o início da campanha mundial; o Dia Mundial de Combate à Aids – 1º de dezembro; e o dia 06 de dezembro – Dia do Massacre das Mulheres de Montreal/ Campanha do Laço Branco – Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher. No Brasil, a Campanha começou mais cedo, em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra para evidenciar a dupla violência vivenciada pelas mulheres negras decorrentes do sexismo e do racismo.
Para marcar o encerramento da Campanha eram previstas ações em todo o país. Em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foi realizada uma panfletagem na Rua Frei Mariano, no dia 09 de dezembro, das 9h00 ás 11h00. Em Porto Alegre , também no dia 09 de dezembro, a Fundação Luterana de Diaconia e o Coletivo Feminino Plural finalizam a série de apresentações do projeto “Nem tão doce lar”, no Mercado Público, das 8h00 ás 18h00. Em Fortaleza, a Prefeitura inaugurou a primeira Casa Abrigo, no dia 11 de dezembro, ás 10h00, no IMPARH – Instituto de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos. No dia 18 de dezembro, a Organização Viva Mulher Viva realiza, em Floresta - Pernambuco, um ato para divulgar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, adotada pela ONU em 18 de dezembro de 1979.
Confira a programação completa da Campanha no nosso site: www.agende.org.br/16dias. Participe. Assuma essa luta!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Ditadura da beleza, parte 2

As mulheres brasileiras não gostam do que encontram quando olham para o espelho. Elas não se acham bonita, apesar de 93% das consultadas acreditar ser impossível atender ao padrão de beleza imposto atualmente, em razão do alto custo para se manter bela.
A pesquisa foi realizada pelo grupo Datastore e encomendada pelo psiquiatra Augusto Cury para embasar o livro de sua autoria, cujo título é "A Ditadura da Beleza". Nele, o médico discute como a sociedade contemporânea exige que a mulher se enquadre no padrão vigente, sobretudo o da magreza. Embora as mulheres considerem caro cuidar da aparência, elas buscam ficar bonita gastando com maquiagem, exercícios, cosméticos e cirurgia plástica, tendo esta ordem como prioridade. Foram consultadas 1,2 mil mulheres nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, entre 13 e um pouco mais de 60 anos. O público ouvido foi de 7,07 milhões de mulheres, o que significa que 1% representa 7,07 mil. Os dados coletados foram surpreendentes. Somente duas entre 10 entrevistadas estão absolutamente satisfeitas com o próprio corpo, porém uma em cada 20 não gosta por completo do corpo. Mas, 63% julgam estar em condições de vestir roupa de banho para irem à praia ou piscina. A barriga liderou como a parte da silhueta mais rejeitada com 46%, seguida pelos seios, bumbum e culote. Tanta insatisfação levou 52% das consultadas praticarem algum exercício físico. De acordo com Marcus Araújo, presidente do grupo Datastore, a maior surpresa foi em relação ao grupo entrevistado na faixa etária de 13 a 19 anos. Apesar de não poderem realizar a lipoaspiração, principalmente pela falta de recursos financeiros por conta da idade, 41% delas pretendem utilizar deste recurso para ficarem mais belas no futuro. Quanto ao rosto, o líder de descontentamento foi o cabelo, já que 21% disse não gostar das madeixas naturais. Para melhorar a beleza facial, 55% usa maquiagem, 40% cosméticos em geral, 38% fazem limpeza de pele e 31% desejam se submeter à cirurgia plástica. Após tanto se auto-flagelar, as mulheres indicaram os protótipos de beleza pretendidos. Vera Fischer foi a mais indicada, depois Xuxa, Ana Paula Arósio e Gisele Bundchen. Já as adolescentes menores de 15 anos elegeram a cantora Sandy como a mais bela.
Redação Terra

terça-feira, dezembro 05, 2006

Morte por violência entre mulheres cresce no Sudeste

A Região Sudeste apresentou crescimento de 4% para 5%, entre 2004 e 2005, na taxa de mortalidade causada pela violência contra as mulheres, segundo dados da Estatística do Registro Civil 2005, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência do Sudeste é a única que vai na contramão do resto do País, cujas proporções se mantiveram praticamente estáveis.
O número de mortes por causas violentas entre as mulheres começou a crescer a partir de 2003. Apesar do crescimento verificado na Região Sudeste, o maior índice ainda corresponde ao Centro-Oeste, onde os valores médios chegam a 8% até 1997, atingindo 5,6% em 2005.
Entre os homens de 15 a 24 anos, o Estado do Rio de Janeiro mantém a liderança nas mortes por causas violentas (227,4 óbitos por 100 mil habitantes), mas o Amazonas teve o maior crescimento desse tipo de óbito entre 2004 e 2005 (45%).
As regiões Nordeste e Sul têm as menores incidências de mortes masculinas por causas violentas ao longo dos anos, chegando em 2005 com cifras levemente inferiores a 14%.

domingo, dezembro 03, 2006

Questão de gênero no Brasil:resultados e perspectivas

“O governo Lula começou com a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Igualdade Racial. A existência destas Secretarias, até certo ponto, permitiu avanços sob a forma setorializada de organização do Estado, de concepção, planejamento, desenvolvimento e avaliação das políticas públicas. Estes organismos funcionaram como pequenas cunhas dentro da estrutura setorial, na medida em que problematizaram o caráterestrutural das desigualdades de gênero e raça, dentro de uma máquina político administrativa resistente às mudanças.”
"Hoje, como há quatro anos, os ônus das injustiças sociais continuAam recaindo pesadamente sobre a população feminina, especialmente aquela parcela sujeita a múltiplas formas de discriminação. O sexismo, o racismo e o trabalho precário persistem, distanciando muitas mulheres, como é o caso das trabalhadoras domésticas, de conquistas históricas da classe trabalhadora"
"A quase totalidade dos programas e ações governamentais no âmbito federal, exatamente porque não incorpora a perspectiva de gênero, nem a perspectiva de raça, reproduz as desigualdades geradas pelos sistemas patriarcal e racista. Com isto, não queremos dizer que as políticas públicas têm por objetivo promover o racismo e a inferiorização das mulheres; mas, sim, denunciar o fato de que a concepção pretensamente neutra dos programas e ações governamentais façam com que estes sistemas de dominação continuem operando sem resistências e, portanto reproduzindo desigualdades."
"Para os movimentos de mulheres, é um grande desafio combater o estreitamento da esfera política. Trata-se de ampliar os espaços democráticos, pela abertura e consolidação de mecanismos de participação e controle social sobre o Estado, para um efetivo compartilhamento do poder. E mais do que isto, de dar nova feição ao poder, hoje quase que exclusivamente branco, masculino e heterossexual."
- Trechos de entrevista de Guacira de Oliveira, Ong cfemea

sábado, dezembro 02, 2006

Formas de violência contra mulher

A violência contra as mulheres pode se dar de várias formas, dependendo do bem a que atinge ou do local onde ocorre.
São elas:
-Violência física – Qualquer agressão que se dê sobre o corpo da mulher. Se dá por meio de empurrões, beliscões, queimaduras, mordidas, chutes, socos ou, ainda, pelo uso de armas brancas como facas, estiletes, móveis, etc. ou armas de fogo.
-Violência sexual – Qualquer ato onde a vítima é obrigada, por meio de força, coerção ou ameaça, a praticar atos sexuais degradantes ou que não deseja. Ao contrário do que se pensa, este tipo de violência também pode ser perpretada pelo próprio marido ou companheiro da vítima.
-Violência psicológica e moral – Este tipo de violência se dá no abalo da auto-estima da mulher, por meio de palavras ofensivas, desqualificação, difamação, proibições de estudar, trabalhar, se expressar, manter uma vida social ativa com familiares e amigas(os), etc. Por não resultar em vestígios físicos ou materiais é de difícil detecção, porém também se constitui em violência que pode ser denunciada e julgada.
-Violência patrimonial – Qualquer ato que tem por objetivo dificultar o acesso da vítima à autonomia feminina, utilizando como meio a retenção, perda, dano ou destruição de bem e valores da mulher vitimizada.
-Violência institucional – Qualquer ato constrangedor, fala inapropriada ou omissão de atendimento realizado por agentes de órgãos públicos prestadores de serviços que deveriam proteger as vítimas dos outros tipos de violência e reparar as conseqüências por eles causadas.