quinta-feira, dezembro 28, 2006

As mulheres mudaram, a imprensa não liga!

As mulheres chegam ao fim do ano sem ter o que comemorar com relação ao tratamento que receberam da mídia. Nem mesmo a divulgação dos novos Indicadores Sociais brasileiros pelo IBGE serviu para que a imprensa desse o merecido destaque às mulheres e à mudança de sua situação na sociedade brasileira.
E talvez a culpa nem seja do preconceito. Talvez a culpa seja dessa nova forma de fazer jornalismo, que não dá espaço aos repórteres para pegar um assunto – que não envolva celebridades – e irem além do texto oferecido pelas assessorias da imprensa.
Se uma celebridade tiver um problema (como no caso Daslu) ou um sonho (como o desejo da primeira-dama de adotar uma criança), a imprensa vai destacar repórteres e reservar espaço para tratar do assunto à exaustão.
Mas quando se trata de problemas reais, como os que são retratados no relatório do IBGE, envolvendo gente sem dinheiro, sem charme e sem educação – o grosso da população brasileira –, a imprensa se limita a mostrar o texto oficial. Texto que daria pauta para muita matéria boa
No relatório, divulgado dia 21/12 ficamos sabendo que:
** À medida que trabalha mais, a mulher brasileira, em especial as mais escolarizadas, gera famílias menores. A comparação dos dados de 1995 e 2005 mostra que a proporção de mulheres em idade reprodutiva com filhos caiu de 63,4% para 63%. Já a participação feminina na distribuição da população economicamente ativa subiu 3,2 pontos percentuais.
** O índice de famílias chefiadas por mulheres subiu de 20,2% para 28,5% no transcorrer da última década – e já é o dobro nas regiões metropolitanas de Salvador (42%), Recife (41,3%) e Belém (40,9%).
** Os casamentos no Brasil estão mais duradouros. De 1995 a 2005, a duração média passou de 11,1 para 12,1 anos, de acordo com as estatísticas do Registro Civil. Os mais fugazes foram verificados no Amazonas (9,7 anos), enquanto os mais longevos estão entre os gaúchos (13,9) e os catarinenses (13,5).
Para o leitor comum, que não é antropólogo nem sociólogo, o relatório – do qual selecionamos apenas uma parte mínima – acaba sendo mais um amontoado de percentuais explicados com termos difíceis. Para esse leitor, que pode eventualmente se encaixar num desses itens, fica tudo muito impessoal, já que não se chamou um especialista – a não ser os técnicos do IBGE – para tentar explicar o que essas mudanças querem dizer.
Rosto e palavra
Nesse ponto a Folha de S.Paulo se saiu melhor do que o Estado de S.Paulo. Nas duas páginas que o Estado dedicou ao assunto, vimos apenas números e mais números. A Folha, em pequena matéria, tentou ir além, falando das causas da mudança:
A emancipação feminina ajuda a explicar por que, de 1995 a 2005, foi de 20,2% para 28,5% o percentual de mulheres entre o total de chefes de família. Esse aumento aconteceu mesmo em famílias onde havia cônjuge. Em 1995, do total de mulheres chefes de família, 3,5% viviam com seus maridos. No ano passado, esse percentual aumentou para 18,6%.
A maior sensibilidade da Folha revela-se também no destaque dado ao item trabalho doméstico, que nem foi mencionado pelo Estadão. Diz a Folha:
Esse movimento a favor das mulheres, no entanto, não as livrou de ficarem sobrecarregadas com os afazeres domésticos. No ano passado, 92% das mulheres, além de trabalhar, realizavam afazeres domésticos em casa. Entre os homens, esse percentual era de 51,6%. Essa sobrecarga da dupla jornada de trabalho é verificada também quando se analisam as horas dedicadas às tarefas domésticas. Para mulheres, foram em média 21,8 horas por semana. Para homens, 9,1 horas.
Tais indicadores variam bastante de acordo com o estado. Os homens gaúchos, por exemplo, são os que mais ajudam as mulheres nos afazeres domésticos, com 71,7% declarando fazer esses serviços. O tempo que eles gastavam com esses afazeres, no entanto, não era muito: 8,6 horas, enquanto as gaúchas trabalhavam em casa, em média, 20,9 horas semanais. No outro extremo está Alagoas, onde apenas 28,4% dos homens ajudam as mulheres com os afazeres domésticos. O tempo dedicado pelos homens alagoanos a esses afazeres, no entanto, era maior do que o dos gaúchos: 10,3 horas semanais.
Agora que nós, leitoras, ficamos sabendo oficialmente que as mulheres estão trabalhando mais, estão assumindo, em maior número, a responsabilidade pela família e que, apesar de tudo, continuam nas funções domésticas sem grande apoio dos companheiros, resta esperar que a imprensa dê rosto e palavra a essas mulheres. Resta esperar que a mulher simples, que não vira notícia porque colocou botox, usa grife, foi morta ou matou o namorado, mereça um espaço maior na imprensa.

domingo, dezembro 24, 2006

Cartoon feminista!


Cartoon retirado do blog do colectivofeminista( grupo de mulheres e homens de Portugal, que procuram combater o sexismo e homofobia e trazer o feminismo para a rua).

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Yeda não cumpre promessa!!

A governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, não cumpriu a promessa de formar um secretariado com 30% de mulheres e só colocou em seu primeiro escalão quatro secretárias entre os 19 titulares - ou seja, pouco mais de 20%. Além das secretárias, sua chefe de gabinete e a líder do governo na Assembléia são mulheres. As secretárias são: Mariza Abreu (sem partido), na Educação; Maria Leonor Carpes (PTB), na Administração e Recursos Humanos; Vera Callegaro (PSDB), no Meio Ambiente; e Mônica Leal (PP), na Cultura.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Mulheres e a Esquerda na América latina

Análise política publicada no jornal argentino Pagina 12 mostra como são conflituosas as relações entre os movimentos de mulheres e os governos de esquerda na região. Partindo do caso da Nicarágua, país no qual a volta da criminalização do aborto terapêutico foi um retrocesso importante, a autora de “Relações perigosas”, Veronica Gago, mostra como um acordo entre a direita e a Frente Sandinista de Libertação Nacional e a Aliança Liberal Nicaragüense permitiu a reforma do Código Penal, conforme pressão da Igreja Católica.
Veronica parte do episódio para indicar que é preciso perguntar a quantas anda a relação entre esquerda e feminismo.
Brasil: A secretária-executiva da ONG DaVida, Gabriela Leite, afirma que a esquerda ainda mantém uma visão moralista sobre a prostituição, sem considerar o caráter político da história da sexualidade. Questiona a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres por ter mantido o discurso de vitimização das mulheres.
Chile: apesar da paridade nos cargos de governo instituída por Michelle Bachelet, a presidenta não se manifestou a favor do projeto de lei que tenta instituir o aborto terapêutico. “Diz-se que a Democracia Cristã ameaça romper a coalizão de governo se houver algum avanço nessa área”, afirma o jornal. A última batalha perdida foi a distribuição de contraceptivos de emergência a menores, medida do Ministério da Saúde que gerou ações judiciais e fez com que o medicamento desaparecesse do mercado.
Bolívia: há quatro mulheres ministras no gabinete de Evo Morales, uma delas é ex-empregada doméstica. O artigo traz declarações da fundadora do coletivo feminista Mujeres Creando, María Galindo. Ela afirma que, embora o conceito de soberania seja defendido na área dos recursos naturais, proposta de defesa da soberania do corpo e inclusão da disciplina de educação sexual nas grades curriculares não foi sequer discutida.
Uruguai: o presidente Tabaré Vázquez já declarou que, se o projeto de lei sobre saúde sexual e reprodutiva que prevê a descriminalização do aborto for aprovado, será vetado. “As pressões dos setores mais reacionários pesam muito”, afirma María Delia, do grupo feminista uruguaio Las Decedidoras.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Mamãe noel decotada!

"Mamãe Noel" decotada é estrela de anúncio de MP3Segunda, 18 de Dezembro de 2006, 16h13 Fonte: INVERTIA
Uma propaganda de MP3 player que está sendo veiculada na Suécia mostra uma modelo vestida de "Mamãe Noel", usando apenas uma blusa e um short curto, cantando "We Wish You a Merry Christmas" com sotaque sueco. A campanha publicitária é da Kenwood, empresa especializada em equipamentos eletrônicos com unidades no mundo todo. Na propaganda, a modelo aparece ouvindo um MP3 player e acompanhando a música de forma sensual para uma câmera de computador. Quando termina, ela desliga o aparelho e aparentemente vai para a cama.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Homem paga fiança por bater na filha

Dois homens foram presos na madrugada de sábado (16), em Londrina,por lesões corporais contra mulheres. Eles foram enquadrados na LeiMaria da Penha, em vigor desde setembro, que tornou mais rigorosasas penalidades para violência doméstica. A polícia não quis fornecer nomes. Um dos agressores era um agropecuarista de 43 anos, morador na RuaParanaguá, Centro de Londrina. Segundo o delegado de plantão da10ª Subdivisão Policial (SDP), Valdir Fernandes, ele espancou a filha,de 20 anos, que foi encaminhada para um hospital com escoriaçõesno rosto e nos braços. O agressão aconteceu na própria residênciada família, por volta das 3 horas, e foi denunciada pela esposa do agressor.
Ele pagou fiança de R$ 600,00 e irá responder pelo crime em liberdade.Já o outro homem autuado, um autônomo de 28 anos, não conseguiu pagar a fiança arbitrada em R$ 100,00 e permanece preso. De acordo com Fernandes, ele teria agredido com tapas a sua esposa, de mesma idade, no Jardim Europa (Zona Sul). A própria vítima acionou a polícia.''Com essa nova lei, temos prendido de dois a três homens acusadosde violência doméstica por plantão'', observou o delegado.
Comentando:
A Lei Maria da Penha, é recente, merece algumas revisões para torná-la mais eficiente e dentro dos rigores que ela representa.Num espancamento a uma garota de 20 anos, com tal brutalidadeque a leva ao hospital, vale R$ 600,00 - para esse "elemento classe A",não significou nada - Já que pagou a fiança e voltou para a casada agredida!.Para o "elemento classe C" a pena foi justa já que continua presoporque não tinha R$ 100,00???? - Ah! Que coisa absurda isso!!!Vemos aqui além da clara disparidade social , a inesperiência quanto a aplicação da Lei.A polícia peca em relação ao agropecuarista de posses,já queomite seu nome na imprensa e cobra uma fiança "ridícula" de 600,00Dois pesos duas medidas?parece comércio...Quanto vale mais...quem paga mais...Espero sinceramente que as nossas autoridades façam valera LEI MARIA DA PENHA , que seja rigida e dura como deve serpara todos que a infringirem sem distinção social!

sábado, dezembro 16, 2006

Sereia ou baleia?

A academia Runner colocou um outdoor em São Paulo quedizia o seguinte: "Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?"Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail por aí...Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moçascultural de biquíni e a frase: " Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?
"Respondo:Baleias sempre estão cercadas de amigos.
Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos.
Baleias amamentam.
Baleias andam por aí cortando os mares e conhecendo lugares legais como as Banquisas de Gelo da Antártida e os R ecifes de Coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos.
Baleias comem camarão à beça.
Baleias esguicham água e brincam muito.
Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.
Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais.
Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.
Sereias não existem.Se existissem viveriam em crise existencial: sou um peixe ou um ser humano?Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, mas tristes e sempresolitárias...Runner querida, "prefiro ser baleia!"(A Runner retirou o outdoor na mesma semana!)

Ainda em segundo plano


Em nenhum lugar do mundo a igualdade entre homens e mulheres foi alcançada e, no Brasil, a situação é ainda pior, apesar de alguns avanços. Essa é a conclusão do relatório 2006 do Observatório da Cidadania/Social Watch, produzido anualmente por organizações de diversos países. No Brasil, a instituição representante é o Ibase. O documento leva em consideração fatores como educação, renda, empregabilidade e participação política para criar um ranking mundial de equidade entre gêneros. O Brasil ocupa a 50ª posição, 21 pontos atrás da líder Suécia, mas à frente de países desenvolvidos como Itália e Japão.
“Estamos desperdiçando metade dos recursos humanos disponíveis ao não oferecer oportunidades iguais a homens e mulheres”, lamenta Fernanda Carvalho, coordenadora do grupo de pesquisa do Observatório da Cidadania no Brasil e pesquisadora do Ibase. “Não há explicação lógica para isso”.
Enquanto na Suécia o Índice de Eqüidade de Gêneros chega a 89 pontos, numa escala que vai até cem, no Brasil ele alcança 68. Na América Latina, estamos atrás de Colômbia, Panamá, Argentina e Uruguai.
O Brasil apresenta os piores índices nos quesitos ligados ao empoderamento das mulheres. Apenas 11,4% dos cargos de decisão política e ministérios são ocupados por elas. Na Suécia, mais da metade; na Colômbia, 35,7%. No parlamento, a situação nacional é ainda pior. Apenas 8,6% das cadeiras ficam com elas. No país líder, 45%, quase metade. “Para piorar, esse foi o único índice que piorou em relação ao último ano”, diz Carvalho. Em 2005, 13% dos cargos de decisão eram de mulheres. “É preciso investir mais nas candidaturas femininas”, completa a pesquisa. Até 2005, nenhum partido ou coligação havia cumprido a cota estabelecida por lei que manda disponibilizar ao menos 30% das candidaturas a mulheres.
De acordo com Cristina Buarque, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco e redatora do capítulo sobre gênero e desigualdades no Brasil, o empoderamento das mulheres é o item de maior peso no índice. “Esses [itens: participação parlamentar e em cargos de decisão], na atualidade, são, sem dúvida, os pontos cruciais para a elevação ou rebaixamento do índice de equidade de gênero em grande parte dos países”, escreve no relatório.
Outro item que contribuiu para a posição intermediária no ranking foi a atividade econômica, apesar das melhoras verificadas. Entre 1993 e 2005, o pagamento feito a elas em comparação com aqueles feitos aos homens não evoluiu nada. As mulheres continuam a ganhar 43% do que recebem os homens. Por outro lado, a participação feminina no mercado de trabalho cresceu. Hoje elas representam 46,9% da mão de obra nacional. A diferença entre gente no mercado e salários se deve, de acordo com Fernanda, ao fato de as mulheres ocuparem profissões menos valorizadas. “É um fenômeno internacional. Onde as mulheres são maioria e o salário é menor. E, em geral, são as profissões que deveriam ser mais valorizadas, pois geralmente lidam diretamente com pessoas”.
A origem desse problema, segundo Buarque, está na educação sexista. O país possui bom desempenho no que se refere ao ensino superior, utilizado como parâmetro para a construção do índice mundial. As mulheres são maioria nas salas de aula universitárias, com 32% mais matrículas do que os homens. Porém, escreve a pesquisadora, em geral elas estão mais presentes em cursos ligados aos papéis tradicionais. “Tais desigualdades se revelam na presença minoritária das mulheres nas carreiras técnicas e tecnológicas e dos homens na maioria das outras carreiras, mantendo um desequilíbrio na relação mulheres/homens perante o mercado de trabalho”, analisa. A esperança da pesquisadora é que a maior presença feminina na universidade ajude a aumentar a equidade entre gêneros a médio prazo.
A pesquisa foi feita em 149 países e tem como tema "Arquitetura da exclusão", na tradução do relatório para o Brasil. Seu objetivo é analisar por que a atual estrututa financeira não beneficia os países pobres e propor soluções. Além da questão de gênero, receberam destaque as políticas raciais e de financiamento no Brasil. Há ainda artigos sobre assuntos relevantes em Argentina, EUA, Índia, México, Moçambique, Peru e Quênia. O relatório completo, em inglês ou espanhol, pode ser obtido em http://www.socialwatch.org/, onde também podem ser consultados os informes indivuduais de cada país.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Direitos Humanos: um direito das mulheres

Os compromissos assumidos pelos Estados nas principais Conferências Internacionais da ONU - especialmente a Conferência Mundial dos Direitos Humanos de Viena (1993); a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento do Cairo (1994) e a Conferência Mundial sobre a Mulher de Beijing (1995), são de fundamental importância para os direitos humanos das mulheres.
Foi na Conferência de Viena que, pela primeira vez, se reconheceu expressamente que “os direitos humanos das mulheres e meninas são parte integrante, indivisível e inalienável dos direitos humanos universais e que a violência de gênero é incompatível com a dignidade e o valor da pessoa humana”.
Diversos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos são relacionados aos temas de discriminação e violência contra as mulheres. No âmbito global, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW ONU, 1979), ratificada pelo Brasil em 1984; o Protocolo Facultativo á CEDAW, ratificado pelo Brasil em 2002 e a Recomendação do Comitê CEDAW (1992), que trata exclusivamente da violência contra a mulher. No âmbito regional, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher (Convenção do Belém do Pará, OEA, 1994), ratificada pelo Brasil em 1995.

Declaração dos Direitos Humanos


segunda-feira, dezembro 11, 2006

Ontem, dia internacional dos direitos humanos

Dia Internacional dos Direitos Humanos

O dia 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebra a data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, voltado à proteção dos direitos fundamentais.
A Declaração nasceu em resposta à barbárie praticada pelo nazismo contra judeus, comunistas e ciganos e ainda às bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de inocentes. Os direitos humanos têm sua origem na crença de que parte das violações então praticadas poderiam ser evitadas se existisse um efetivo sistema de proteção internacional.
Aprovada por 48 Estados, com 8 abstenções, e adotada na maioria dos países do Ocidente, a Declaração dos Direitos Humanos contemplou, pela primeira vez, em um só documento, a coexistência de direitos civis, políticos e de direitos econômicos, sociais e culturais assegurados em igualdade para todas as pessoas.
Com a criação da ONU e a aprovação da Declaração foram criadas normas e instituições para garantir que o Estado respeite os direitos humanos, sob pena de ser responsabilizado internacionalmente se não o cumprir.
Em 1969 foi criada a Corte Interamericana de Direitos Humanos, instituída para ser a última instância de amparo nas Américas daqueles que tiveram seus direitos humanos violados. Na época, o Brasil vivia o auge da ditadura militar, um dos períodos mais difíceis para o exercício da democracia e para a proteção dos direitos fundamentais.
Somente em 10 de dezembro de 1998, o Brasil reconheceu a competência jurisdicional da Corte, que hoje está ao alcance de todos os brasileiros e brasileiras.

Encerramento da campanha reforça Direitos Humanos


A Campanha 16 dias de Ativismo pelo fim da Violência contra as Mulheres terminou no dia 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi incluída no calendário para evidenciar que a violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos.
Além do Dia Internacional dos Direitos Humanos, outras datas significativas marcaram o período de realização da Campanha. O dia 25 de novembro - Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, que marcou o início da campanha mundial; o Dia Mundial de Combate à Aids – 1º de dezembro; e o dia 06 de dezembro – Dia do Massacre das Mulheres de Montreal/ Campanha do Laço Branco – Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher. No Brasil, a Campanha começou mais cedo, em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra para evidenciar a dupla violência vivenciada pelas mulheres negras decorrentes do sexismo e do racismo.
Para marcar o encerramento da Campanha eram previstas ações em todo o país. Em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foi realizada uma panfletagem na Rua Frei Mariano, no dia 09 de dezembro, das 9h00 ás 11h00. Em Porto Alegre , também no dia 09 de dezembro, a Fundação Luterana de Diaconia e o Coletivo Feminino Plural finalizam a série de apresentações do projeto “Nem tão doce lar”, no Mercado Público, das 8h00 ás 18h00. Em Fortaleza, a Prefeitura inaugurou a primeira Casa Abrigo, no dia 11 de dezembro, ás 10h00, no IMPARH – Instituto de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos. No dia 18 de dezembro, a Organização Viva Mulher Viva realiza, em Floresta - Pernambuco, um ato para divulgar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, adotada pela ONU em 18 de dezembro de 1979.
Confira a programação completa da Campanha no nosso site: www.agende.org.br/16dias. Participe. Assuma essa luta!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Ditadura da beleza, parte 2

As mulheres brasileiras não gostam do que encontram quando olham para o espelho. Elas não se acham bonita, apesar de 93% das consultadas acreditar ser impossível atender ao padrão de beleza imposto atualmente, em razão do alto custo para se manter bela.
A pesquisa foi realizada pelo grupo Datastore e encomendada pelo psiquiatra Augusto Cury para embasar o livro de sua autoria, cujo título é "A Ditadura da Beleza". Nele, o médico discute como a sociedade contemporânea exige que a mulher se enquadre no padrão vigente, sobretudo o da magreza. Embora as mulheres considerem caro cuidar da aparência, elas buscam ficar bonita gastando com maquiagem, exercícios, cosméticos e cirurgia plástica, tendo esta ordem como prioridade. Foram consultadas 1,2 mil mulheres nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, entre 13 e um pouco mais de 60 anos. O público ouvido foi de 7,07 milhões de mulheres, o que significa que 1% representa 7,07 mil. Os dados coletados foram surpreendentes. Somente duas entre 10 entrevistadas estão absolutamente satisfeitas com o próprio corpo, porém uma em cada 20 não gosta por completo do corpo. Mas, 63% julgam estar em condições de vestir roupa de banho para irem à praia ou piscina. A barriga liderou como a parte da silhueta mais rejeitada com 46%, seguida pelos seios, bumbum e culote. Tanta insatisfação levou 52% das consultadas praticarem algum exercício físico. De acordo com Marcus Araújo, presidente do grupo Datastore, a maior surpresa foi em relação ao grupo entrevistado na faixa etária de 13 a 19 anos. Apesar de não poderem realizar a lipoaspiração, principalmente pela falta de recursos financeiros por conta da idade, 41% delas pretendem utilizar deste recurso para ficarem mais belas no futuro. Quanto ao rosto, o líder de descontentamento foi o cabelo, já que 21% disse não gostar das madeixas naturais. Para melhorar a beleza facial, 55% usa maquiagem, 40% cosméticos em geral, 38% fazem limpeza de pele e 31% desejam se submeter à cirurgia plástica. Após tanto se auto-flagelar, as mulheres indicaram os protótipos de beleza pretendidos. Vera Fischer foi a mais indicada, depois Xuxa, Ana Paula Arósio e Gisele Bundchen. Já as adolescentes menores de 15 anos elegeram a cantora Sandy como a mais bela.
Redação Terra

terça-feira, dezembro 05, 2006

Morte por violência entre mulheres cresce no Sudeste

A Região Sudeste apresentou crescimento de 4% para 5%, entre 2004 e 2005, na taxa de mortalidade causada pela violência contra as mulheres, segundo dados da Estatística do Registro Civil 2005, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência do Sudeste é a única que vai na contramão do resto do País, cujas proporções se mantiveram praticamente estáveis.
O número de mortes por causas violentas entre as mulheres começou a crescer a partir de 2003. Apesar do crescimento verificado na Região Sudeste, o maior índice ainda corresponde ao Centro-Oeste, onde os valores médios chegam a 8% até 1997, atingindo 5,6% em 2005.
Entre os homens de 15 a 24 anos, o Estado do Rio de Janeiro mantém a liderança nas mortes por causas violentas (227,4 óbitos por 100 mil habitantes), mas o Amazonas teve o maior crescimento desse tipo de óbito entre 2004 e 2005 (45%).
As regiões Nordeste e Sul têm as menores incidências de mortes masculinas por causas violentas ao longo dos anos, chegando em 2005 com cifras levemente inferiores a 14%.

domingo, dezembro 03, 2006

Questão de gênero no Brasil:resultados e perspectivas

“O governo Lula começou com a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Igualdade Racial. A existência destas Secretarias, até certo ponto, permitiu avanços sob a forma setorializada de organização do Estado, de concepção, planejamento, desenvolvimento e avaliação das políticas públicas. Estes organismos funcionaram como pequenas cunhas dentro da estrutura setorial, na medida em que problematizaram o caráterestrutural das desigualdades de gênero e raça, dentro de uma máquina político administrativa resistente às mudanças.”
"Hoje, como há quatro anos, os ônus das injustiças sociais continuAam recaindo pesadamente sobre a população feminina, especialmente aquela parcela sujeita a múltiplas formas de discriminação. O sexismo, o racismo e o trabalho precário persistem, distanciando muitas mulheres, como é o caso das trabalhadoras domésticas, de conquistas históricas da classe trabalhadora"
"A quase totalidade dos programas e ações governamentais no âmbito federal, exatamente porque não incorpora a perspectiva de gênero, nem a perspectiva de raça, reproduz as desigualdades geradas pelos sistemas patriarcal e racista. Com isto, não queremos dizer que as políticas públicas têm por objetivo promover o racismo e a inferiorização das mulheres; mas, sim, denunciar o fato de que a concepção pretensamente neutra dos programas e ações governamentais façam com que estes sistemas de dominação continuem operando sem resistências e, portanto reproduzindo desigualdades."
"Para os movimentos de mulheres, é um grande desafio combater o estreitamento da esfera política. Trata-se de ampliar os espaços democráticos, pela abertura e consolidação de mecanismos de participação e controle social sobre o Estado, para um efetivo compartilhamento do poder. E mais do que isto, de dar nova feição ao poder, hoje quase que exclusivamente branco, masculino e heterossexual."
- Trechos de entrevista de Guacira de Oliveira, Ong cfemea

sábado, dezembro 02, 2006

Formas de violência contra mulher

A violência contra as mulheres pode se dar de várias formas, dependendo do bem a que atinge ou do local onde ocorre.
São elas:
-Violência física – Qualquer agressão que se dê sobre o corpo da mulher. Se dá por meio de empurrões, beliscões, queimaduras, mordidas, chutes, socos ou, ainda, pelo uso de armas brancas como facas, estiletes, móveis, etc. ou armas de fogo.
-Violência sexual – Qualquer ato onde a vítima é obrigada, por meio de força, coerção ou ameaça, a praticar atos sexuais degradantes ou que não deseja. Ao contrário do que se pensa, este tipo de violência também pode ser perpretada pelo próprio marido ou companheiro da vítima.
-Violência psicológica e moral – Este tipo de violência se dá no abalo da auto-estima da mulher, por meio de palavras ofensivas, desqualificação, difamação, proibições de estudar, trabalhar, se expressar, manter uma vida social ativa com familiares e amigas(os), etc. Por não resultar em vestígios físicos ou materiais é de difícil detecção, porém também se constitui em violência que pode ser denunciada e julgada.
-Violência patrimonial – Qualquer ato que tem por objetivo dificultar o acesso da vítima à autonomia feminina, utilizando como meio a retenção, perda, dano ou destruição de bem e valores da mulher vitimizada.
-Violência institucional – Qualquer ato constrangedor, fala inapropriada ou omissão de atendimento realizado por agentes de órgãos públicos prestadores de serviços que deveriam proteger as vítimas dos outros tipos de violência e reparar as conseqüências por eles causadas.

quarta-feira, novembro 29, 2006

A arte e a crítica a magreza


As magras vencem novamente


Gaúcha de 15 anos vence o Supermodel Brazil 2006


Em meio à polêmica sobre a magreza das modelos, o concurso Supermodel Brazil 2006 premiou nesta terça-feira, em São Paulo, a gaúcha Vanessa Cruz, de 15 anos, 1,76m e 45kg. Há exatas duas semanas, a modelo Ana Carolina Reston, 21 anos, 1,74m e 40kg, morreu por complicações causadas por uma anorexia nervosa.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Por uma comunicação não sexista

Por uma comunicação com perspectiva de gênero
Adital - As jornalistas argentinas, reunidas no Primeiro Encontro Nacional de Jornalistas com Visão de Gênero, organizado pela Artemisa Notícias, fundaram a primeira rede nacional de jornalistas com perspectiva de gênero: "Jornalistas da Argentina em Rede. Por uma comunicação não sexista". O evento foi realizado entre os dias 16 e 17 de novembro na capital Buenos Aires. A rede manterá contato virtual entre os membros através de uma lista de correio eletrônico. Mais de 60 jornalistas e comunicadoras de todo o país estiveram presente para delinear os atuais cenários sociais no qual se exerce o jornalismo e as principais dificuldades que atravessam as profissionais da comunicação na hora de fazer visível a desigualdade de gênero através dos meios de comunicação social.
A rede de jornalistas argentinas tem como principais metas: trabalhar pela maior difusão dos temas de gênero dentro dos meios de comunicação existentes; abrir novos espaços com este enfoque; trabalhar por uma comunicação não sexista e pensar novas estratégias para dar visibilidade às mulheres.
As jornalistas da Argentina pretendem integrar a Rede Latino-americana de Jornalistas com visão de gênero que representará em bloco as demandas das mulheres da região no Segundo Encontro da Rede Internacional que será realizado em 2007, na Espanha.
A rede terá uma agenda flexível dentro do calendário do movimento feminista, mas, nas datas especiais, serão realizadas ações ou campanhas conjuntas. Decidiu-se ainda que elas terão que gerar projetos próprios para obter financiamento para as atividades. A idéia da rede surgiu há um ano através das diretoras de Artemisa Notícias, as jornalistas Sandra Chaher e Sonia Santoro.
A proposta tem o apoio da UNIFEM, o British Council, o Fundo de População das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNFPA), a Organização Internacional de Migrações (OIM), e a Associação para a Comunicação Cristã (WACC, sigla em inglês). A rede está aberta para comunicadoras, comunicadores e jornalistas de todos espaços, o importante é ter perspectiva de gênero e igualdade na tarefa de comunicar.

sábado, novembro 25, 2006

Luta contra discriminação GLBT

Qui, 23 Nov - 19h25
Câmara aprova projeto contra discriminação a GLBT
Agência Estado
A Câmara aprovou hoje projeto de lei que torna crime a discriminação ou o preconceito de pessoas por sexo, gênero, orientação sexual e identidade de gênero - que abrange as transexuais e travestis. O projeto é considerado prioritário pelos movimentos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) e tramitava na Câmara desde 2001. Pelo projeto, quem praticar atos de discriminação poderá ser punido com até cinco anos de prisão.
Pelo projeto, quem "impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público" em virtude dessas características, poderá ser punido com dois a cinco anos de prisão. O projeto modifica leis que já proibiam a discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, incluindo a discriminação por orientação sexual, gênero, sexo e identidade de gênero como crime e determinando as mesmas penas. Além da lei contra o racismo (lei 7.716), o projeto também modifica o Código Penal e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
"O Brasil deu um grande passo. Outros países já adotam legislação parecida", comemorou a deputada Iara Bernardi (PT-SP), autora do projeto. "Com o projeto, eles (GLBT) têm um aparato legal para se defender", completou a deputada. O projeto ainda precisa ser votado pelo Senado para depois ir à sanção do presidente da República antes de se tornar lei.
Pelo projeto, é crime impedir, recusar ou proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, que seja aberto ao público, de pessoas por sua orientação sexual. Também passa a ser crime a discriminação na hospedagem em hotéis, pensões ou motéis; no sistema de seleção educacional; no recrutamento ou promoção funcional ou profissional e no aluguel e compra de imóveis. As penas, para quem cometer o crime, vão de um a cinco anos de prisão.
O projeto foi aprovado em votação simbólica, quando não há registro dos votos dos deputados no painel eletrônico, e causou protesto do deputado Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE). Representante da Assembléia de Deus, o deputado não percebeu quando o projeto foi votado. "O Inocêncio (deputado Inocêncio Oliveira, vice-presidente da Câmara, que presidia a sessão) anunciou a votação em sussurro e quando fomos despertar já era tarde", afirmou. "O projeto torna crime não a ação que choca a sociedade, mas sim a ação de quem se sente chocado. As pessoas podem optar pelo que quiserem sem sofrer sanções, mas quem é contra não pode contestar ou protestar", criticou o deputado.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Nova pesquisa sobre violência contra mulher

Ibope - Instituto Patrícia Galvão 2006
PERCEPÇÃO E REAÇÕES DA SOCIEDADE SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Pesquisa nacional realizada no primeiro semestre de 2006 -antes, portanto, da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 07/08/06) -com apoio da Fundação Ford e UNIFEM - Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Cresce preocupação com a violência contra a mulher
• De 2004 a 2006 aumentou o nível de preocupação com a violência doméstica em todas as regiões do país, menos no Norte / Centro-Oeste, que já tem o patamar mais alto (62%). Nas regiões Sudeste e Sul o nível de preocupação cresceu, respectivamente, 7 e 6 pontos percentuais. Na periferia das grandes cidades esta preocupação passou de 43%, em 2004, para 56%, em 2006.
• 33% apontam a violência contra as mulheres dentro e fora de casa como o problema que mais preocupa a brasileira na atualidade.
• 51% dos entrevistados declaram conhecer ao menos uma mulher que é ou foi agredida por seu companheiro.
• Em cada quatro entrevistados, três consideram que as penas aplicadas nos casos de violência contra a mulher são irrelevantes e que a justiça trata este drama vivido pelas mulheres como um assunto pouco importante.
• 54% dos entrevistados acham que os serviços de atendimento a casos de violência contra as mulheres não funcionam.
• 65% dos entrevistados acreditam que atualmente as mulheres denunciam mais quando são agredidas. Destes, 46% atribuem o maior número de denúncias ao fato de que as mulheres estão mais informadas e 35% acham que é porque hoje elas são mais independentes.
• 64% acham que o homem que agride a mulher deve ser preso(na opinião tanto de homens como mulheres); prestar trabalho comunitário (21%); e doar cesta básica (12%). Um segmento menor prefere que o agressor seja encaminhado para: grupo de apoio (29%); ou terapia de casal (13%).
• Perguntados sobre o que acham que acontece quando a mulher denuncia, 33% dos entrevistados afirmaram que “Quando o marido fica sabendo, ele reage e ela apanha mais”; 27% responderam que não acontece nada com o agressor; 21% crêem que o agressor vai preso; enquanto 12% supõem que o agressor recebe uma multa ou é obrigado a doar uma cesta básica.
Esta pesquisa dá continuidade ao trabalho que o Instituto Patrícia Galvão iniciou em 2004, ao realizar com o Ibope a pesquisa “O que pensa a sociedade sobre a violência contra as mulheres”, que revelou um alto grau de rejeição a esse tipo de violência. (Veja os dados da Pesquisa Ibope / Instituto Patrícia Galvão 2004 no Portal Violência Contra a Mulher.
Acesse a publicação contendo a análise da socióloga Fátima Pacheco Jordão sobre a Pesquisa Ibope / Instituto Patrícia Galvão 2006 em versão PDF (244Kb)
Informações:
Instituto Patrícia Galvão: (11) 3266-5434
ipgmidia@uol.com.br
www.patriciagalvao. org.br

domingo, novembro 19, 2006

Campanha 16 dias pelo fim da violência

Começa nesta segunda a Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres
Com o lema “16 anos de Campanha: assuma essa luta” a mobilização visa prevenir e dar visibilidade ao fenômeno
Começa nesta segunda-feira (20.11) a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, uma iniciativa, no Brasil, da organização não-governamental Agende, Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento em parceria com o governo federal, empresas públicas e privadas, além de organizações da sociedade civil e representações das agências da ONU. A abertura oficial, na quarta-feira (22.11), às 13h30, será na Câmara dos Deputados e contará com a presença da ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM) e dos presidentes do Senado, Renan Calheiros e da Câmara, Aldo Rebelo.
Dentro da programação da campanha, na quinta-feira (23.11) acontece a teleconferência Uma vida sem violência é um direito das mulheres, no estúdio da Embrapa, em Brasília. A transmissão será ao vivo, via satélite, para todo o país e contará com a participação das ministras Nilcéa Freire, da SPM, e Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
A campanha mundial acontece de 25 de novembro a 10 de dezembro. No Brasil começa mais cedo: no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. É uma forma de ressaltar a mulher negra, um dos segmentos mais vitimados pela violência.
Com o lema “16 anos de Campanha: assuma essa luta”, a mobilização dá ênfase às violências sofridas por segmentos específicos de mulheres com o intuito de prevenir, dar visibilidade ao fenômeno e orientar as mulheres sobre os caminhos a serem percorridos para romper com o ciclo da violência e do silêncio.
Este ano a campanha inova com personagens e histórias reais de 16 segmentos que sofrem os mais diversos tipos de violência: lésbicas, meninas, jovens, negras, trabalhadoras urbanas, trabalhadoras rurais, trabalhadoras domésticas, portadoras de deficiência, mulheres na política, mulheres encarceradas, portadoras do vírus HIV, prostitutas, indígenas, idosas, donas de casa e migrantes.
A intenção é reforçar a idéia de que o combate à violência contra as mulheres deve estar presente no cotidiano de todas as pessoas, independente de idade, classe, etnia, preferência sexual. É uma convocação à sociedade para assumir essa luta. Durante todo o período da campanha serão veiculadas mensagens de 30 segundos no rádio e na TV, narradas por atores, contando histórias reais.
A campanha também traz como destaque a Lei Maria da Penha de enfrentamento à violência contra a mulher. Sancionada no dia 22 de setembro pelo presidente da República, a lei tornou mais rigorosa a punição aos agressores e estabeleceu uma série de medidas sociais e de proteção para as mulheres em situação de violência.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 18 segundos uma mulher é agredida no mundo. No Brasil, foram ouvidas para a pesquisa, em 2004, 1.172 mulheres em São Paulo e 1.473 em Pernambuco, de 15 a 49 anos. Das pernambucanas que sofreram violência física ou sexual, 78% não procuraram ajuda. Em São Paulo, 25% das entrevistadas sofreram violência física ou sexual a partir dos 15 anos, enquanto 12% sofreram antes dessa idade.
Para saber mais sobre a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres acesse o site www.agende.org.br/16dias

DVD Malu mulher


Malu hoje
Durante alguns meses - mais precisamente entre maio de 1979 e dezembro de 1980, período em que o seriado Malu Mulher foi exibido pela Rede Globo - sempre que me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, a resposta era rápida e ridiculamente convicta para uma menina de 13 anos: socióloga. Não, eu não era uma adolescente prodígio preocupada em estudar os grandes problemas do Brasil. Longe disso. Na verdade, se insistissem, nem saberia explicar o que, exatamente, fazia uma socióloga. O que eu sabia é que essa era a profissão superbacana de Malu (Regina Duarte), protagonista do seriado e uma espécie de Mulher Maravilha da vida cotidiana para as garotas daquela época: inteligente, independente, esclarecida - pero sin perder la ternura. Para as meninas que cresceram nos anos 70, filhas, em sua maioria, de donas de casa que não chegaram a tempo de embarcar na revolução de comportamento que colocou as mulheres no mercado de trabalho - o que, em muitos casos, as obrigava a manter longos, e nem sempre felizes, casamentos -, Malu era o futuro próximo mandando um recado em pleno horário nobre da Globo: preparem-se, gurias, histórias de amor nem sempre duram a vida inteira, o príncipe encantado não existe mais (se é que um dia existiu) e quem não quiser perder o bonde da história vai ter que se virar, descobrir a sua onda, construir a sua história e, com sorte, fazer alguma diferença no mundo - com ou sem um cavalheiro ao lado para dividir as despesas. Foi, portanto, com certa ansiedade histórica que esta semana eu me acomodei no sofá para rever os episódios de Malu Mulher recém-lançados em DVD. É sempre uma experiência perigosa essa de revisitar com olhos de adulto algo que marcou nossa infância ou adolescência. Será que o seriado era tão bom assim quanto eu lembrava? Será que os chamados "temas polêmicos", pelos quais o programa ficou conhecido, ainda eram polêmicos ou sequer relevantes? Posso adiantar que a resposta é boa e ruim ao mesmo tempo. Sim, o seriado sobreviveu bem ao tempo e merece continuar sendo citado entre os melhores programas já produzidos pela televisão brasileira - e num país de produção cinematográfica tão errática quanto o nosso, são preciosos esses documentos visuais de uma época, para lembrarmos como o Brasil falava, e se vestia, e enfeitava a casa com samambaias há pouco menos de 30 anos. Não tão bom é perceber que, 27 anos depois, alguns dos problemas abordados em Malu Mulher permanecem tristemente a-tuais - mulheres pobres morrendo em clínicas clandestinas de aborto, violência doméstica, desemprego. Ao som de Começar de Novo, parece que algumas coisas, infelizmente, nunca ficam prontas.
claudia.laitano@zerohora.com.br

Talibã para as mulheres

Quando o Talibã assumiu o poder em Cabul em Setembro de 1996, 16 decretos foram transmitidos pela Rádio Sharia. Entre estes darei destaque para os que envolvem as condições das mulheres:
- É proibido às mulheres andar descobertas.
É proibido aos motoristas aceitar mulheres que não estejam usando burca. Se o fizerem, o motorista será preso. Se mulheres assim forem vistas na rua, suas casas serão encontradas e seus maridos punidos. Se as mulheres vestirem roupas insinuantes ou atraentes, desacompanhadas de parentes próximos do sexo masculino, o motorista não poderá levá-las no carro.
- É proibido lavar roupa à margem dos rios.
Mulheres que desobedecerem a esta lei serão retiradas de maneira respeituosa do local e levadas para suas casas, onde seus maridos serão duramente punidos.
- É proibido a alfaiates costurar roupas femininas ou tirar medidas das mulheres.
Caso sejam encontradas revistas de moda na loja, o alfaiate será preso.
Além destes, foi divulgado um apelo às mulheres de Cabul:
Mulheres, vocês não devem sair de suas casas. Caso o façam não devem se vestir como aquelas mulheres que costumavam andar com roupas da moda, muito maquiadas e se exibindo para qualquer homem quando o Islã ainda não chegara ao país. O Islã é uma religião salvadora e determinou que as mulheres devem ter uma dignidade especial. As mulheres não devem atrair a atenção de pessoas nocivas que lhes dirijam olhares maliciosos. As mulheres são responsáveis pela educação e união da família, pela provisão de alimentos e vestuário. Caso precisem sair de casa, devem se cobrir de acordo com a lei da Sharia. Se andarem com roupas da moda, ornamentadas, apertadas e atraentes para se exibir, serão condenadas pela Sharia Islã e perderão a esperança de um dia chegar ao paraíso. Serão ameaçadas, investigadas e duramente punidas pela polícia religiosa, assim como os membros mais velhos da família. A polícia religiosa tem o dever de combater estes problemas sociais e continuará com seus esforços até ter erradicado o mal.

( trechos extraídos do livro: O livreiro de Cabul; Seierstad, Asne).

sexta-feira, novembro 17, 2006

Placas de trânsito com figuras femininas


Ditadura da beleza

Marcha Mundial de Mulheres repudia ditadura da beleza

A Marcha Mundial de Mulheres – RS, vem a público manifestar sua solidariedade com a família da modelo paulista Ana Carolina Reston, que morreu por anorexia nervosa. A jovem tinha 21 anos, media 1,74m e pesava apenas 40 quilos.
Neste momento em que o país fica perplexo diante de tal notícia, a Marcha Mundial de Mulheres repudia a didatura da beleza imposta pelo mercado da moda e dos cosméticos, que provoca o sofrimento emocional e psicológico em milhares de adolescentes e jovens em todo o mundo.
O Brasil é o quarto país vendedor de cosméticos no mundo. Em 2005, esse mercado cresceu 34% e as mulheres são as principais consumidoras. Em
1996, 98% das mulheres gastavam uma parcela significativa de seus salários com cosméticos e serviços de beleza. As que ganham menos
chegavam a gastar 20% de seu salário. (Fonte: Datafolha)
Os índices de casos de anorexia e bulimia nos revelam um grave caso de saúde pública, que está a exigir das autoridades medidas preventivas e de combate a um mercado publicitário que valoriza corpos magérrimos.
Não podemos mais aceitar meninas e jovens abrindo mão de uma alimentação saudável, doentes e famintas, para atender padrões impostos pela ditadura do capital. Para a Marcha Mundial de Mulheres, este padrão de "beleza" é uma forma perversa de violência contra as mulheres, que causa danos irreparáveis a sua saúde e às suas vidas.

domingo, novembro 12, 2006

domingo, novembro 05, 2006

Música Feminina e Feminista

Cantora espanhola, que o amigo Lúcio me apresentou, letras femininas e feministas..enfim, boa música!

Bebe
Ella

Ella se ha cansado de tirar la toalla
Se va quitando poco a poco las telarañas
No ha dormido esta noche, pero no está cansada
No miró a ningún espejo, pero se siente toa guapa
Hoy ella se ha puesto color en las pestañas
Hoy le gusta su sonrisa, no se siente una extraña
Hoy sueña lo que quiere sin preocuparse por nada
Hoy es una mujer que se da cuenta de su alma
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
Que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
Hoy vas a comprender que el miedo se puede romper con un solo portazo
Hoy vas a hacer reír porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto
Hoy vas a conseguir reírte hasta de ti y ver que lo haz logrado
Hoy vas a ser la mujer que te dé la gana de ser
Hoy te vas a querer como nadie te ha sabido querer
Hoy vas a mirar pa'lante, que pa atrás ya te dolió bastante
Una mujer valiente, una mujer sonriente
Mira como pasa
Hoy no ha sido la mujer perfecta que esperaban a rotos sin pudores
Las reglas marcadas
Hoy ha calzado tacones para hacer sonar sus pasos
Hoy sabe que su vida nunca más será un fracaso
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
Que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
Hoy vas conquistar el cielo sin mirar lo alto que queda del suelo
Hoy vas a ser feliz aunque el invierno sea frío y sea largo, y sea largo
Hoy vas a conseguir reírte hasta de ti y ver que lo haz logrado
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
Que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
Hoy vas a comprender que el miedo se puede romper con un solo portazo
Hoy vas a hacer reír porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto
Hoy vas a conseguir reírte hasta de ti y ver que lo has logrado.

sábado, novembro 04, 2006

O luto de Ana Maria Braga

Por Angélica Fernandes,
Um dia após eleições, a apresentadora da Rede Globo de Televisão apresentou o seu programa matinal vestida de preto. Não sei se foi intencional, mas durante todo o processo eleitoral a apresentadora apresentou-se como uma feroz defensora da mudança do comando do Brasil. Nunca mencionou diretamente sua preferência, mas nem precisava, pois ao levar sempre em seu programa muitos daqueles "indignados" com os escândalos, já anunciava que o país precisaria de outro presidente. Foi assim que se apresentou, por exemplo, Cristiane Torloni e outros artistas proibidos pela mesma emissora de participar de qualquer ato eleitoral este ano. Mesmo numa importante matéria produzida pela afiliada da emissora em Pernambuco, que apresentava um especial sobre a violência contra mulher - afinal, o estado é campeão neste quesito - e que apontava os avanços da Lei Maria da Penha (que prevê cadeia para os agressores e os Centros de Referências de Atenção à Mulher mantidos com a ajuda do governo federal), Ana Maria Braga disse que ainda era muito pouco o que o governo federal fazia. Mas nenhum outro antes houvera feito algo nesta direção.
Mostrando total desconhecimento sobre as políticas públicas do governo Lula dirigidas para as mulheres outros setores historicamente excluídos da população, a apresentadora global tomou um susto ao saber da existência, no governo federal, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Desconhecimento - ou descaso - naquele momento, não vinha ao caso. O fato é que, nesse governo, além da importância simbólica que o presidente Lula sempre destaca, a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres representou um avanço concreto, porque nos oito anos de FHC não existia nenhum espaço institucional relevante, capaz de propor e articular políticas públicas - o que, aliás, é o que ocorre na maioria dos governos não comandados pelo PSDB. Quero aqui voltar ao luto. Ana Maria Braga e grande parte da imprensa quiseram eleger o presidente da República no grito, esquecendo que entre a vontade deles e da influência exercida em seus espaços midiáticos existe a vontade da grande maioria povo. Portanto, é importante lembrar que a vitória numericamente expressiva da candidatura Lula não é qualquer vitória. Essa vitória é - para além do carisma pessoal o Presidente -, a vitória de um debate programático e ideológico há muito tempo secundarizado na pauta desse país. Trata-se do debate sobre o modelo econômico. Sobre as privatizações e desmonte do Estado nacional e dos governos estaduais - onde o povo é chamado a pagar a conta da "eficiência" privatista tucana, o famoso "choque de gestão". O que houve foi um debate programático, pois no segundo turno foi necessário explicitar as diferenças e ficou claro que nosso projeto é não superar o neoliberalismo, o discurso privatista, a política de Estado mínimo. Nosso projeto leva em consideração a maioria do povo, porque propõe crescimento e distribuição de renda. Esses são os eixos do nosso modelo, junto com uma nova política externa, que resgata nossa soberania. O que Ana Maria Braga não consegue ver é o depoimento de milhões de brasileiros e brasileiras que, apesar de jogo pesado da mídia, resolveram afirmar, como muitos que votaram em Heloisa Helena e Cristóvão Buarque no primeiro turno, que não queremos retrocessos, que não queremos no Brasil a volta da política praticada nos tempos de FHC nem levar a tragédia social do governo Alckmin para o resto do país. "
Então as eleições acabaram, Lula teve mais de 58 milhões de votos, e Alckmin - preferido pela imprensa acostumada a eleger e derrubar presidentes - teve 2, 4 milhões a menos de votos que no primeiro turno. Assim, quando assisti Ana Maria Braga não em seu programa e ouvi os comentários que fez junto com outros comentaristas da Globo, somente pude concluir que o vestido preto - bem cortado e caro -, se tratava de um sinal de luto. Luto pelo PSDB, pelo projeto das elites, pelos interesses do "andar de cima", derrotados. Mas, o Brasil e o povo brasileiro não estão de luto.Para nós, que acreditamos em um segundo governo Lula superior ao primeiro, o próximo período se constituirá em um momento muito rico. O Partido dos Trabalhadores, os movimentos sociais e as demais forças do campo democrático popular terão um peso significativo na disputa das orientações políticas e programáticas neste segundo mandato. Defenderemos uma política econômica que privilegie o crescimento, o mercado interno, os juros baixos e fortes investimentos em infra-estrutura e políticas sociais. Assim, a desigualdade social diminuirá e a maioria, diferentemente da apresentadora não da Globo, estará em festa.
Angélica Fernandes, Diretório Nacional do PT Coletivo nacional de mulheres do PT Secretária Estadual de Formação Política do PT-SP.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Yeda não me representa(parte II)

Com o resultado das eleições, tivemos a desagradável vitória de Yeda Crusius, com grande votação das mulheres gaúchas, infelizmente. Apesar de anos atrás ela ter votado contra as trabalhadoras e mães, tentando acabar com décimo terceiro, licença maternidade, por exemplo, usou e abusou do discurso de gênero e classe, para incentivar as mulheres e pobres se sentirem representadas por ela, e deu certo.
Agora é esperar que ela use de seu discurso a favor das mulheres pobres principalmente, e faça algo de concreto, e não ajude somente os grandes empresários e latifundiários do nosso Estado.
Melina Félix

sexta-feira, outubro 27, 2006

Feminização do Trabalho

por Antonio Negri
Na sociedade pós-moderna a mulher se torna modelo para as formas de produção.
Se aprofundarmos a análise das transformações do trabalho na sociedade pós-moderna e na organização pós-fordista da indústria, salta aos olhos um elemento de novidade que, a meu ver, é ignorado ou calado com excessiva frequência. É um elemento, antes de mais nada, quantitativo: o número de mulheres "postas para trabalhar" está em crescente aumento. Mas esta observação é realmente interessante? Relativamente. Este fenômeno estatístico revela, de fato, um progresso da ocupação feminina dos postos de "trabalho masculino" que o fordismo já incentivara.
A força-trabalho das mulheres, mais fraca (no mercado) e menos qualificada do que a dos homens, uma vez afirmada a simplificação e a desqualificação taylorista das operações industriais, era preferível à dos homens. Nos períodos bélicos isto tornou-se necessário. Não por acaso, houve quem sustentasse que os métodos tayloristas de organização do trabalho simples foram concebidos, da primeira vez, para pôr as mulheres para trabalhar, substituindo desta forma seus homens, enviados ao massacre, durante a Primeira Guerra Mundial.
Ainda assim, o que me interessa frisar aqui é uma novidade qualitativa: não a "feminização" do "trabalho masculino", mas o "tornar-se mulher" do trabalho em geral; não o fato de que as mulheres estejam tomando o lugar dos homens nas velhas fábricas, mas que — na produção contemporânea e nas formas eminentes de sua organização — trabalhar conjuga-se antes no feminino do que no masculino. E que, portanto, os próprios homens, para produzir, têm de algum modo que se feminizar.
Para sustentar esta tese, tenho de retroceder um pouco e lembrar quais são as características fundamentais da organização pós-fordista do trabalho e da sociedade produtiva pós-moderna. Nessas organizações, a produção de riqueza depende cada vez mais da produção de conhecimentos, a produção de conhecimentos depende cada vez mais da produção de subjetividade, a produção de subjetividade cada vez mais da reprodução social de processos vitais ricos em relações intelectuais e valores afetivos.
Expressando-me em termos mais usuais: a produção pós-fordista tem, em seu centro, uma força-trabalho social imaterial (intelectual e afetiva) que produz essencialmente mercadorias-serviços, cujo valor agregado é constituído pela eficiência dos "reseaux" sociais comunicativos, linguísticos, afetivos e da força-invenção que estes introduzem, ininterruptamente, nos circuitos.
Mais simplesmente, a sociedade mais rica é a que consegue explorar mais vasta e intensamente aqueles processos de reprodução social da vida que tornam os homens mais inteligentes e mais capazes de se comunicar. A sociedade mais rica e produtiva é a que consegue pôr no trabalho o mais rico e produtivo intercâmbio social e a mais rica e produtiva geração de subjetividade. Mas, quem estaria no centro da reprodução social da vida, da produção de subjetividade portanto, senão as mulheres? Quem educa para os valores da vida relacional e afetiva, senão as mães? Quem organiza os serviços da vida social (especialmente os mais elementares, que agora se tornam a base da produtividade), senão as mulheres?
É precisamente esta a razão de as mulheres terem sido excluídas pelo regime salarial fordista: no capitalismo fordista, os serviços ainda eram considerados, antes que produção, consumo puro e simples — consumos da família que tinham de ser incluídos no salário do "homem-pater-família" produtivo. Na sociedade pós-fordista e pós-moderna tudo muda: o trabalho produtivo de serviços não só se torna imaterial, como se torna, cada vez mais, "mulher".
Se eu pensar, mesmo que de maneira autocrítica, na distinção da "economia clássica" (que também o marxismo fez sua) entre produção e reprodução (distinção que confina as mulheres na reprodução pura e simples) e na consequência que de imediato se tirava disso (que era a de excluir o trabalho feminino, isto é, o da gestão da família, da reprodução social da vida e da educação dos filhos, da capacidade de produzir valor econômico), parece-me que hoje aquela horrível mistificação pode ser superada, e que os meninos (os revolucionários também!) tenham de deplorar a sua cegueira analítica, enquanto a afirmação do "tornar-se mulher" do trabalho começa a se mostrar em seu pleno vigor.
Deleuze e Guattari já haviam dito isso, mas não com uma referência direta ao trabalho: tinham insistido no "tornar-se mulher" da vida no contemporâneo biopolítico. Nós insistimos no "tornar-se mulher" do trabalho: porque os investimentos afetivos da reprodução da comunidade tornam-se fonte de riqueza da sociedade; porque a mercadoria-serviço nada vale se não for sustentada por capacidades relacionais; porque a gestão do intercâmbio vital e a educação dos cérebros tornam-se os desafios centrais de toda a sociedade produtiva.
Consolemo-nos, companheiros meninos: por mais algum tempo ainda restará, para nós, algum lugar na nova sociedade que se está configurando. Mas não há dúvida de que, desde já, teremos de dar um pouco mais de atenção ao fato de que a "transgressividade" do trabalho entre o homem e a mulher torna-se (na comunidade linguística e afetiva que constitui a empresa-em-rede contemporânea e a sua imersão na comunicação social) cada vez mais genérica e irresistível. Comecemos a nos familiarizar com isso para evitarmos maiores encrencas!
E do ponto de vista das mulheres? Parece-me que neste ponto se assiste a uma paradoxal "heteronomia das finalidades". Explico-me. O feminismo havia exaltado a mulher como um gênero separado ou, de outro modo, como capaz de se equiparar aos homens; em torno destas finalidades havia desdobrado a sua revolução. Agora, à diferença das previsões, a feminilidade está se tornando o elemento decisivo naquele campo que era reservado ao homem: o trabalho produtivo. Longe de se separarem, as qualidades femininas do trabalho atingem todo o território produtivo; longe de alcançarem uma equiparação, as mulheres se tornam hegemônicas na biopolítica pós-moderna. E logo tomarão consciência disso.
Releio o que escrevi e me pergunto se até agora não contei um conto de fadas. É muito provável, ainda que as premissas teóricas sobre as características fundamentais do modo pós-fordista de produção na sociedade pós-moderna me pareçam corretas. Mas a passagem das condições materiais às políticas não é, por certo, um "continuum". É muito provável, então, que isto que eu disse até agora acabe realmente se revelando um conto de fadas... Mas, permitam-me a conclusão, um belo conto de fadas!
Antonio Negri é cientista social italiano, autor de "A Anomalia Selvagem" (Ed. 34), entre outros; ele escreve mensalmente na Folha, na seção "Autores".

quarta-feira, outubro 25, 2006

Mais Eduardo Galeano

As mulheres dos deuses

Ruth Landes, antropóloga norte-americana, vem ao Brasil em 1939. Ela quer conhecer a vida dos negros num país sem racismo. No RIo de Janeiro, é recebida pelo ministro Osvaldo Aranha. O ministro explica a ela que o governo se propõe a limpar a raça brasileira, suja de sangue negro, porque o sangue negro tem culpa do atraso nacional. Do Rio, Ruth viaja a Bahia. os negros são a ampla maioria da cidade, onde outrora tiveram seu trono os vice-reis opulentos de açúcar e de escravos, e negro é tudo o que aqui vale a pena, da religião até a comida, passando pela música. E mesmo assim, na Bahia todo mundo acha, e os negros também, que a pele clara é prova de boa qualidade. Todo mundo, não : Ruth descobre o orgulho da negritude nas mulheres dos templos africanos. Nesses templos são quase sempre mulheres, sacerdotisas negras, que recebem em seus corpos os Deuses vindos da Africa. Resplandecentes e redondas como balas de canhão, oferecem aos Deuses seus corpos amplos, que parecem casas onde dá prazer chegar e ficar. Nelas entram os Deuses, nelas dançam. Das mãos das sacerdotisas possuídas o povo recebe ânimo e consolo; e de suas bocas escuta as vozes do destino.

"Mulheres" Eduardo Galeano

A autoridade
Por Eduardo Galeano
Em épocas remotas, as mulheres se sentavam na proa das canoas e os homens na popa. As mulheres caçavam e pescavam. Elas saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam. Os homens momtavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.
Assim era a vida entre os índios Onas e Yaganes, na Terra do Fogo, até que um dia os homens mataram as mulheres e puseram as máscaras que as mulheres tinham inventado para aterrorizá-los. Somente as meninas récem-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também suas filhas e as filhas de suas filhas.

Uma opinião..

A triste vingança da mulher pós-moderna
Marcelo Cabral
Estava caminhando pela cidade num fim de tarde bonito de inverno e resolvi comprar flores para a mulher que me encanta. Descolei umas rosas equatorianas, grandes e vermelhas, era uma coisa linda de se ver. Quando nos encontramos mais tarde em sua casa, por acaso estava uma amiga dela do escritório que veio nos visitar.
Não esqueço a cara da amiga, estupefata, parecia que eu tinha dado uma ogiva nuclear pra minha menina, em vez de rosas tropicais. Na noite seguinte, fiquei sabendo que ela comentou a “cena das flores” com as outras mulheres no escritório, das dez que ouviram o causo, nove comentaram “que estranho, flores, isso não existe, deve ser um sociopata esse cara”, e só uma disse “que legal, adoro receber flores”.
Achei que fosse normal. Não é não?
Pois é, esse mundo pós-moderno.

A guerra dos sexos atingiu o auge nesses tempos de crise de fim/começo de século, os homens dessas gerações estão sofrendo a vingança vetorial histórica das mulheres por todo o tempo de submissão e maldade machista dos primórdios da nossa sociedade, que moldaram toda a nossa cultura,pêniscentrista total.Daí veio a revolução sexual, queimem os sutiens e vendam calcinhas em outdoors, causando acidentes de trânsito desnecessários.
Não sei, está tudo errado, deixa dessa.

As mulheres pós-modernas, com seus cabelos curtos e roupas pretas, e saltos altos, etc, descobriram que o certo é pisar no pescoço dos homens com seus saltos agulha, e observar nosso sangue jorrar da jugular com um deleite vampiresco. Bordões como “os homens são todos iguais”, “merecem é isso mesmo” e coisas assim já estão enchendo o saco, de verdade.
Olha só o que eu tive que ouvir quando estava com um amigo no balcão do Verdinho, um desses bares que tem outro nome na verdade, mas você e seus amigos chamam do jeito que querem. Duas meninas estavam numa mesa próxima, e uma dizia pra outra “cara, esse Vinicius é muito machista meu, ele diz para a mulher ir com ele em seu caminho mesmo que o caminho dele seja triste pra ela, muito machista meu”.
O Vininha!!! Deixa dessa.
No mais, ele só está avisando que a vida dele não é nenhum mar de rosas certo? Venha se quiser. Ele só está avisando ora! Sujeito honesto o Vininha.
Nas grandes cidades, a guerra dos sexos, sobretudo na balada, em uma cidade como São Paulo, por exemplo, é uma coisa medonha, os homens são agressivos ativos e as mulheres agressivas passivas, eles puxam o cabelo, elas rosnam e escancaram os dentes, sério que parece coisa de matilha, horrível isso.
Abaixo os sexismos! Chega de “homem é tudo igual”, ou de “todas as mulheres são assim”.

Veja bem, é como quem diz que gosta ou não gosta de cachorro, ou de criança, por exemplo. Não é assim que funciona, tem criança legal e tem criança chata, tem cachorro que é gente boa e tem cachorro que é sacana.
Bom lembrar que, se as mulheres andam um tanto frias, cruéis e defensivas nesses tempos, isso deve ser culpa dos homens mesmo, afinal, estamos no século XXI, e nada justifica certos comportamentos neandertais.
Claro, posso estar errado, ou sou apenas um tolo romântico, mas acho que dá pra conviver e viver melhor com nossas diferenças de gênero, seja como for, ela adorou as flores, e fiquei bem feliz com isso.
Marcelo Cabral é jornalista, compositor, ambientalista e colecionador de gibis velhos

As mulheres dizem não as transnacionais!!!

O dia 17 de Outubro, representa o principal dia de luta da Marcha Mundial de Mulheres durante o ano, sempre contra a pobreza e opressão machista. Neste ano, é denunciando o poder das transnacionais sobre o corpo feminino, que nos impõe a beleza, a perfeição corporal, como sinônimo de felicidade.
Na sociedade consumista em que vivemos, onde os meios de comunicação impõe que a mulher feliz não pode ser “feia”, está dado um padrão de beleza cultivado em horas diárias nas academias, além de silicones e plásticas. Pois o corpo representa a nossa imagem à oferecer ao próximo, nisso a busca pela perfeição é o principal objetivo, tornando o corpo mero objeto da vaidade, onde as mulheres se sentem obrigadas a gastar muito dinheiro em busca dessa perfeição, e assim alimentando os lucros das transnacionais.
Além disso, as indústrias de remédios também lucram muito nessa eterna ilusão pelo corpo perfeito, os antidepressivos, moderadores de apetite são os campeões de vendas. Muitas pensam que o consumo desses remédios irá garantir bem - estar e uma aparência perfeita, sendo difícil para as mulheres terem autonomia para decidir o que é saudável.
A principal luta da Marcha Mundial de Mulheres é mudar a vida das mulheres, em busca da igualdade de gênero. Nisso a conscientização é a principal tarefa, pois quando a maioria das mulheres se rebelarem contra esse sistema opressivo é que ocorrerá a verdadeira mudança. A sociedade que as mulheres merecem, deve romper com esses padrões de consumo que são impostos, baseado na perfeição do corpo, deve promover igualdade de direitos, sem opressão, com liberdade e autonomia para as mulheres.

Melina Félix

Poesia feminina

Há uns 3 anos atrás meu irmão me "apresentou" Bruna Lombardi, não como atriz, mas como poetisa.Realmente me surpreendi, uma atriz global com uma poesia feminina..

Hino

"Tenho lutado todos os dias pra ser uma mulher
no entanto onde nasci os homens têm sempre razão
e eu que não me interesso pela razão mas por outros sentimentos
teço silenciosamente à porta da minha casa
junto às outras mulheres na minha rua
a trama dos nossos instintos
e minha rua passa por outras cidades
atravessa países
não há fronteiras
tecemos todas nós o mesmo fio
matéria viva da nossa bandeira"

Yeda não me representa

Apesar dos responsáveis pela campanha da candidata Yeda Crusius estarem utilizando, como argumento, a questão de gênero, para induzir as gaúchas a votarem nessa candidata, quero salientar que, como mulher, não me sinto minimamente representada por ela. A referida candidata representa os setores oligárquicos e mais conservadores desse Estado, que não se importam nem um pouco com a situação de desigualdade das mulheres trabalhadoras, no Rio Grande do Sul. Fico realmente indignada que, na hora de conquistar votos, a direita, apropria-se da questão de gênero, sem apresentar nenhuma proposta concreta!
"Somos mais da metade do povo gaúcho. Estamos, no campo e na cidade, produzindo riquezas. Somos emoção, razão e esperança! Não votamos pela beleza, nem nos identificamos com candidaturas, por estas apenas possuírem mulheres na tentativa de um cargo! Não votamos em conversas fiadas! Votamos no trabalho, no compromisso, na experiência e na determinação!"

Melina Félix

O direito das mulheres a seu corpo

Por Miriam Nobre
A expressão “nosso corpo nos pertence” tem sido uma das bandeiras centrais do movimento feminista desde os anos 1970. Ela expressa a vontade de autonomia das mulheres, de ter desejos e exercê-los sem o controle dos homens de sua família, do Estado ou das instituições religiosas. Ela recobre o questionamento à imposição de padrões de beleza, de normas na sexualidade e na reprodução. Aparentemente a mudança de costumes, a maior presença das mulheres na vida pública e avanços tecnológicos como a pílula anti-concepcional teriam feito desta bandeira uma realidade. Mas, para quantas? E, por quanto tempo? Qual a atualidade do debate em relação ao direito das mulheres de decidirem sobre seu corpo? O que temos visto nos últimos anos é que as pressões dos homens, das instituições religiosas e do Estado se somam às ofertas e exigências do mercado.
O mercado se apropria de elementos tradicionais da construção do gênero feminino como sua identidade relacionada ao outro num movimento permanente de tentar agradá-lo, a maternidade e a prostituição.